sábado, 31 de outubro de 2009
Conferência de Comunicação
Tem início hoje, na Usina de Artes João Donato, a partir das 19 horas, a etapa estadual do Acre na Conferência Nacional de Comunicação. Serão dois dias para escolha de 10 delegados da sociedade civil e 10 do mercado que irão defender na Conferência Nacional as propostas extraídas do debate público ocorrido aqui em Rio Branco. As incrições podem ser feitas aqui.
Esse processo é importante e inaugural. Nunca o Brasil teve uma conferência nacional, um debate público em todo os estados brasileiros para conversar sobre comunicação. É a primeira oportunidade que todos nós temos de debater e propor que tipo de comunicação queremos para o nosso país, cujo tema é “Comunicação: meios para a construção de direitos e de cidadania na era digital”, o que aproximou a cultura digital desta importante agenda nacional.
A discussão percorre três eixos:
Produção de Conteúdo
conteúdo nacional; produção independente; produção regional; garantia de distribuição; incentivos; tributação; financiamento; fiscalização; propriedade das entidades produtoras de conteúdo; propriedade intelectual; órgãos reguladores; competição; aspectos federativos; marco legal e regulatório.
Meios de Distribuição
televisão aberta; rádio; rádios e TVs comunitárias; internet; telecomunicações; banda larga; TV por assinatura; cinema; mídia impressa; mercado editorial; sistemas público, privado e estatal; multiprogramação; tributação; financiamento; responsabilidade editorial; sistema de outorgas; fiscalização; propriedade das entidades distribuidoras de conteúdo; órgãos reguladores; aspectos federativos; infraestrutura; administração do espectro; publicidade; competição; normas e padrões; marco legal e regulatório.
Direitos e Deveres
democratização da comunicação; participação social na comunicação; liberdade de expressão; soberania nacional; inclusão social; desenvolvimento sustentável; classificação indicativa; fiscalização; órgãos reguladores; aspectos federativos; educação para a mídia; direito à comunicação; acesso à cultura eà educação; respeito e promoção da diversidade cultural, religiosa, étnico-racial, de gênero, orientação sexual; proteção a segmentos vulneráveis, como crianças e adolescentes; marco legal e regulatório.
Aproveitando o ensejo, socializo as propostas resultantes da Conferência Livre Comunicação para a Cultura, ocorrida em Pernambuco, com ampla participação da sociedade civil, via pontos de cultura, pontões de cultura digital, pontos de mídia livres dentre outras ações estimuladas nacionalmente pelo Ministério da Cultura.
Mais informações em:
http://proconferencia.org.br/
http://confecom-acre.blogspot.com/
♦ Alcione Carolina participa como representante do Ministério da Cultura, que integra a comissão organizadora da Conferência Nacional de Comunicação.
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
É preciso reconceituar o jornalismo
Por Marcelo Salles
Não faz mais nenhum sentido chamar de Jornalismo o que fazem as corporações de mídia. Quem se preocupa com o lucro em primeiro lugar não é uma instituição jornalística. Não pode ser. Quando uma empresa passa a ter como principal meta o lucro, essa empresa pode ser tudo, menos uma instituição jornalística. E aí não importa a quantidade de estrutura e dinheiro disponível, pois a prática jornalística é de outra natureza. Exemplo: eu posso passar uma semana no Complexo do Alemão com um lápis e um bloco de papel. Posso chegar até lá de ônibus. Posso bater o texto num computador barato. Mesmo assim, se a publicação para onde escrevo for jornalística, vou ter mais condições de me aproximar da realidade do que uma matéria veiculada pelas corporações de mídia.
Essas podem dispor de toda a grana do mundo, de carro com motorista, dos gravadores mais caros, das melhores rotativas, de alta tiragem e de toda a publicidade que o dinheiro pode comprar. No entanto, se não forem instituições jornalísticas, elas dificilmente se aproximarão da realidade da favela, isso quando não a distorcem completamente.
Existem outros exemplos para além da questão da favela. É o caso dos venenos produzidos pelas Monsantos da vida, que nunca são denunciados pelas corporações de mídia. Ou da retomada dos movimentos de libertação na América Latina, vistos como “ditatoriais”; a perseguição aos movimentos sociais e aos trabalhadores em geral; a eterna criminalização da política, de modo a manter as instituições públicas apequenadas frente ao poder privado. Enfim, você pode olhar sob qualquer ponto de vista que não vai enxergar Jornalismo.
Isso precisa ficar bem claro. Claro como a luz do dia. Para que as corporações pareçam ridículas quando proclamarem delírios do tipo: “somos democráticas”, “únicas com capacidade de fazer jornalismo”, “imparciais” e por aí vai. Fazer Jornalismo não tem esse mistério todo. Em síntese, é você contar uma história. Essa história deve ter alguns critérios que justifiquem sua publicação. Alguns deles aprendemos nas faculdades e são válidos; outros são ensinados, mas devem ser vistos com cautela. E outros simplesmente ignorados. Mas, no fundo, o importante é ser fiel ao juramento do jornalista profissional: “A Comunicação é uma missão social. Por isto, juro respeitar o público, combatendo todas as formas de preconceito e discriminação, valorizando os seres humanos em sua singularidade e na sua luta por dignidade”.
Essa frase, quase uma declaração de amor, não é minimamente observada pelas corporações de mídia. Vejamos: elas não têm espírito de missão, não respeitam nada, nem as leis, estimulam o preconceito, discriminam setores inteiros da sociedade, violam os direitos humanos e não sabem o significado da palavra “dignidade”.
Mas por que o Jornalismo é tão importante para uma sociedade? Porque hoje, devido ao avanço tecnológico dos meios de comunicação – são praticamente onipresentes nas sociedades contemporâneas –, a mídia assume uma posição privilegiada no tocante à produção de subjetividades. Ou seja, a mídia, mais do que outras instituições, adquire enorme poder de produzir e reproduzir modos de sentir, agir e viver. Claro que somos afetados por outras instituições poderosas, como Família, Escola, Forças Armadas, Igreja, entre outras, mas a mídia é a única que atravessa todas as outras.
Fica claro, portanto, que uma sociedade será melhor ou pior dependendo dos equipamentos midiáticos nela inseridas. Se forem instituições jornalísticas sólidas e competentes, mais informação, dignidade, mais direitos humanos, mais cidadania, mais respeito, mais democracia. Se forem corporações pautadas pelo lucro, ou seja, entidades não-jornalísticas, menos informação, menos dignidade, menos direitos humanos, menos cidadania, menos respeito, menos democracia.
É por isso que eu sempre digo aqui, neste modesto, porém Jornalístico espaço: as corporações de mídia precisam ser destruídas, para o bem da humanidade! Em seu lugar vamos construir instituições jornalísticas. Ponto.
Marcelo Salles, jornalista, é coordenador da Caros Amigos no Rio de Janeiro e editor do Fazendo Media (www.fazendomedia.com)
Apontamentos sobre comunicação e movimentos populares na América Latina
Pedro Carrano
Na história recente de protestos das massas populares na América Latina, como foi o caso da Assembleia Popular dos Povos de Oaxaca ou “Comuna de Oaxaca”, no sul do México (em 2006), ou então na luta pela derrubada do presidente Lucio Gutiérrez, no Equador (em 2005), os meios de comunicação contribuíram para a organização popular, tiveram papel decisivo na convocatória às ruas, quando a apropriação desta ferramenta foi colocada na ordem do dia pelas organizações da classe trabalhadora. Os meios de comunicação tornam-se então um espaço fundamental na luta de classes? O outro lado não nos deixa dúvidas: o atual golpe em Honduras e a tentativa na Venezuela (em 2002) contaram com a mídia empresarial na linha de frente.
No México, a Assembleia Popular dos Povos de Oaxaca (APPO), coordenou a toma de 13 estações de rádio em uma mesma madrugada. À época, a APPO e povo oaxaquenho organizaram-se em barricadas, uma forma de proteção para evitar o ataque de grupos paramilitares contra as antenas das estações ocupadas. Conduzida pelos universitários, a Radio Universidad, cumpriu o papel de articular o povo nas ruas contra a Polícia Federal Preventiva (PFP), romper o cerco da mídia corporativa e fornecer informações para as organizações internacionais solidárias.
Ao longo da luta, as mulheres organizadas na APPO protagonizaram a ocupação do canal 9 estatal de televisão. A partir de marcha pacífica, reclamavam um espaço para narrar o outro lado de uma história que as principais redes transmissoras criminalizavam. Receberam as portas fechadas, então resolveram ocupar a televisão e construir, elas mesmas, a nova grade de programação, com o apoio do restante do movimento (estudantes, professores), uma vez que os técnicos da emissora debandaram.
No Equador, em 2005, na mobilização que resultou na queda do presidente Lucio Gutiérrez, a população organizava-se em torno da rádio La Luna, que naquele momento aglutinou o movimento, convocando as manifestações noturnas concentradas na capital, Quito. Ainda que os protestos tenham sido puxados por setores da classe média capitalina e, além disso, os campesinos e indígenas não tenham tomado parte na derrocada de Gutiérrez, a relevância da ferramenta da mídia é o que nos interessa analisar neste caso.
Ferramenta em disputa na luta de classes, a mídia adquire papel central no projeto de dominação política sobre os trabalhadores. A favor do golpe de Estado em Honduras, a mídia corporativa continua operando, enquanto qualquer meio de comunicação dissonante foi fechado. Um dos principais jornais hondurenhos chama-se El Heraldo, uma espécie de filial do Miami Herald estadunidense, uma mostra da submissão das elites centro-americanas.
Há elementos semelhantes com o processo da Venezuela, em 2002. Naquele momento, a partir do golpe de Estado dos empresários do setor petroleiro, o bloqueio midiático e a contra-informação lançada para o mundo narrava que o povo estava nas ruas contra Chávez, quando era exatamente o contrário o que acontecia. Isso exigiu da população articular-se rapidamente, o que resultou no fato de que hoje cursos de jornalismo popular, jornais e rádios de bairro multiplicam-se pelos morros de Caracas. Apesar de Chávez ser acusado de limitar a “democracia” na Venezuela, ferramentas concretas de comunicação estão sendo democratizadas.
Ao longo do governo Lula, a mídia corporativa, ao lado dos partidos PSDB e DEM, posiciona-se na vanguarda do processo de ataque ao governo, mesmo nas situações em que o empresariado é beneficiário ou quando as políticas do governo Lula apontam para conciliação entre as classes – o que dificulta uma análise do governo e da sua real política econômica. No caso dos projetos de exploração do pré-sal, para citar um exemplo, os meios de comunicação O Globo, Veja e Estadão analisam o projeto do governo como se fosse a retomada pura e simples do monopólio estatal. “Um projeto estatizante!”. Um ataque que se configura como ideológico, uma vez que os representantes das multinacionais do setor não compartilham integralmente a leitura dos meios de comunicação. Defendem o modelo anterior de exploração, atacam a Petrobras como operadora dos poços do pré-sal, mas sabem que os projetos do governo não chegam a retomar o monopólio do período Vargas, de 1953 - o que, em última análise, viria de um processo de força e pressão das ruas.
À burguesia não interessa enfocar as relações sócias de produção, mesmo em seus jornais mais qualificados e de conteúdo, como é o caso do jornal Valor Econômico. A mídia empresarial pode falar, por exemplo, da exploração dos bolivianos em São Paulo, mas não vai revelar que na ponta da exploração da força de trabalho dos imigrantes estão empresas como a rede de lojas C&A. O limite, para a mídia corporativa, é sempre a defesa dos interesses da propriedade privada dos meios de produção. O trabalho escravo é um crime para todos eles. Isso é um fato. Porém, a produção do agronegócio é a saída para a nossa economia. Então as ocupações de terra do MST são um crime passível de um castigo muito maior.
A mídia enfoca as greves enquanto um prejuízo para o restante da “população”, do “cidadão”, ou nem isso: do “consumidor”, um conceito evocado para encobrir a sua posição de classe, uma crítica que o Centro de Mídia Independente (CMI) vem apontando desde o seu surgimento. Por isso a comunicação popular tem lado. O lado da classe trabalhadora, e não os dois lados e a neutralidade pregados nos cursos de jornalismo. O resto é ideologia.
Apenas por meio da comunicação popular e comprometida com a classe trabalhadora, é possível recuperar a perda da “experiência”, no sentido que coloca Walter Benjamin. No caso da mídia, para ficar mais claro, a espetaculização e as notícias produzidas em série, como mercadorias, não permitem a experiência concreta, a compreensão da história como um processo, produzem apenas fetichismo e informações alienantes. Qualquer página ou portal na internet, com suas milhares de notícias inúteis, demonstram o que estamos dizendo.
Comunicação, unidade, mobilização
A comunicação é um dos exemplos mais contundentes da necessária unidade entre as organizações da classe trabalhadora, em torno de um projeto político para o país. Se as diferentes organizações e setores da classe investissem em um jornal unitário, disposto a pautar um projeto da classe trabalhadora e atingir as massas, teríamos um jornal semelhante ao La Jornada mexicano: um jornal de esquerda com presença nas bancas, um dos mais lidos no México. O La Jornada, de certo modo, ganha relevância a partir do levante zapatista e mexicano de 1994, o que indica que talvez somente um reascenso das lutas no Brasil crie as condições e a necessidade de uma ferramenta massiva e unitária de mídia.
Desde 2003, temos a experiência do Brasil de Fato, jornal pautado por uma agenda da classe trabalhadora e dos movimentos sociais, a partir de suas lutas e bandeiras acumuladas (o que cunhamos como o “Projeto Popular para o Brasil”). O Brasil de Fato se coloca para além de ser o órgão representante de um único partido ou corrente. Apesar de ser uma das poucas iniciativas neste sentido, vem sofrendo muitas dificuldades e necessita ser colocado como prioridade na agenda das organizações.
A internet tem se revelado uma ferramenta importante utilizada pelo movimento social, a partir de espaços como as agências de rádio online – caso da Rádio Agência NP e Agência Chasque – e também sites como Adital, Carta Maior, Repórter Brasil, Instituto Humanitas Unisinos (IHU), Fórum, Correio da Cidadania e a própria Agência Brasil de Fato. No campo sindical, a Revista do Brasil é distribuída mensalmente para 360 mil trabalhadores filiados a sindicatos.
Cabe ainda estudo sobre em que medida a internet e estes veículos alternativos (sites, blogs, etc) alcançam a classe trabalhadora e podem, somados, oferecer uma alternativa contra o monopólio da televisão e das rádios comerciais. É certo que há um desgaste do velho panfleto da porta de fábrica, mas, por outro lado, em que medida os trabalhadores se apropriaram destas ferramentas? Em um país como Honduras, onde os blogs cumprem o papel de lançar informação para fora, já que internamente menos de 10% da população acessa a internet.
É preciso que estas reflexões sobre a mídia se convertam também em instrumento para mobilização e militância.
Militância e comunicação
No trabalho de base cotidiano, temos o desafio de formar comunicadores ou informantes populares a partir de locais de trabalho e moradia. Na falta da posse de rádios ou TVs, temos que lançar mão de meios artesanais (panfletos, por exemplo), o que aponta para um trabalho unido entre comunicação e militância. Por outro lado, em espaços que poderiam fornecer uma estrutura para este trabalho de base, como é o caso dos sindicatos, diretores sindicais contratam jornalistas profissionais, o que abre um abismo: uma vez que raramente o jornalista é militante e, o pior, a militância sindical e popular não está preparada para produzir material e dialogar com a sua base. Então, o material é produzido bem elaborado no seu formato, mas sem este vínculo com o trabalho de base e com a própria base social.
O Exército Zapatista de Liberação Nacional (EZLN), do México, possui uma experiência acertada neste sentido, em que pesem as dificuldades políticas que o exército zapatista enfrenta na atual conjuntura. O EZLN conta com a comunicação oficial do movimento (por meio dos comunicados do Subcomante Marcos) e possui, ao mesmo tempo, camponeses e indígenas capacitados, por meio das Juntas de Bom Governo, nas bases zapatistas, para ter o acesso à comunicação e escrever informes, denúncias, comunicados, etc. Comunicam-se sem a pretensão do formato perfeito e bem acabado, mas avançam no empoderamento e socializando a voz do movimento.
O acesso à comunicação segue sendo uma das bandeiras concretas dos movimentos populares. Como vemos, é possível a construção de formas alternativas e meios de comunicação pela classe trabalhadora e a necessária de unidade das organizações nesta construção. O que em momento algum significa abdicar da necessidade de confrontar e buscar limitar as ferramentas apropriadas pelo capital. Como a experiência recente dos povos nos demonstra, apenas a nossa vontade não é o determinante, mas vai ser sim a luta nas ruas.
Pedro Carrano, repórter do jornal Brasil de Fato
Colaborou Cesar Sanson (Cepat), e Manoela Lorenzi (Consulta Popular)
Representante da Globo diz que demandas dos movimentos na Confecom são ‘irreais’
Pela primeira vez desde que liderou a saída de seis das oito entidades empresariais que participavam da comissão organizadora da Conferência Nacional de Comunicação, o representante da Associação Brasileira de Empresas de Rádio e TV (Abert) na comissão, Evandro Guimarães, participou de um evento diretamente relacionado à agenda da Confecom. Guimarães, que é diretor de Relações Institucionais das Organizações Globo, foi convidado para seminário organizado pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo como contribuição à Conferência. O evento ocorreu entre os dias 15 e 16 de outubro.
Participando de uma mesa cujo tema era a Confecom em si, a princípio, Guimarães não tocou no assunto da saída da organização da Conferência, mas teve que responder a perguntas da platéia sobre o caso. O representante dos radiodifusores classificou como produtiva a saída da Abert. “Foi tão boa a nossa saída que os ânimos se acalmaram e o governo percebeu que os membros da sociedade civil estavam exagerando. Pode até ser que algumas conferências estaduais contem com a participação dos empresários”, afirmou.
Confundindo conferência com reunião, Guimarães lembrou “uma conferência” que aconteceu em 2007 entre os empresários de comunicação e o governo, onde foi discutida “a educação na mudança para o meio digital”. O encontro, segundo ele, tratou de buscar soluções que revertessem o quadro brasileiro de 70% da população sem acesso à internet.
E seguiu usando o exemplo para justificar a debandada empresarial da Comissão Organizadora da Confecom: o representante da Globo afirmou que a “questão dos analfabetos digitais” não estava presente na organização da conferência. “Chegamos na comissão organizadora, e deparamos com uma pauta de controle social da mídia - que você vai olhar o subtítulo e ver que é controle da mídia mesmo. E também sobre propriedade cruzada. Isso hoje se limita a ‘transportes e internet’.”
Guimarães ainda acusou a comissão organizadora, composta por diversas entidades da sociedade civil não-empresarial e pelo próprio governo, a trabalhar com pautas impossíveis, cujas demandas “não são realidade em nenhum país”.
Em sua intervenção, Bia Barbosa, membro do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, lembrou que as tentativas de restrições ao temário partiram dos empresários. “Eles queriam que discutíssemos apenas a era digital, e não todos os problemas que a gente acumula desde o século XIX”, comentou. “É uma agenda que a gente ainda não deu conta e impedem radicalmente que o sistema de comunicação do Brasil seja plural e democrático.”
Para Bia, não há nada de irreal nas demandas dos movimentos sociais. “Só pedimos uma regulação do setor das comunicações, como qualquer outro setor é regulado neste país.”
Participação da sociedade
O controle social e a participação da sociedade na gestão das políticas públicas de comunicação e também no monitoramento e avaliação do conteúdo veiculado pela mídia – tema que, segundo o representante dos radiodifusores deveria ser proibido na Confecom –, foi defendido pelos demais participantes da mesa.
O professor Ismar de Oliveira, da ECA-USP, lembrou que, em 2004, jovens de muitos países, participantes da Conferência Internacional sobre Mídia de Qualidade para Crianças e Adolescentes, “chegaram a conclusão de que qualidade, para eles, era participação”.
Para Bia Barbosa, todo o setor das comunicações deve ser abarcado por mecanismos de controle social, mas em especial as emissoras de rádio e TV, que funcionam por concessões públicas. “É a lógica do interesse público que tem que reinar, não a do mercado”, concluiu Bia.
Qualidade e diversidade
Muitas das intervenções vindas da platéia questionaram a questão da qualidade do conteúdo e da falta de diversidade na mídia brasileira. “Qualquer aluno desta escola sabe da qualidade de muitos trabalhos que são feitos por alunos daqui, e apresentados anualmente no Festival É Tudo Verdade, por exemplo. No entanto, nós estudantes não temos nenhuma participação nas grades da TV aberta”, disse uma aluna de jornalismo sobre produção independente.
Para o representante da Globo, entretanto, falta produção independente nacional de qualidade. A representante do Intervozes, rebateu: “Produção de qualidade não é uma produção que tem a qualidade técnica que o mercado exige. Temos que desconstruir isso pra começar a conversa.”
Descortês
A participação do diretor da Globo acabou criando certo tumulto durante o debate. Guimarães interrompeu por diversas vezes a fala de outra convidada, a jornalista Bia Barbosa, membro do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, tentando corrigi-la. Foi advertido por membros da platéia que estaria sendo descortês e que deveria pedir desculpas. Acabou fazendo o pedido de desculpas em sua última participação.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Arpub apresenta teses para Conferência de Comunicação
O "roteiro de teses" é composto basicamente por 9 temas: 1) Comunicação pública; 2) Comunicação comunitária; 3) Oligopólio e política de concessões; 4) Conselhos e ferramentas de controle público; 5) Regionalização da produção cultural, artística e jornalística; 6) Lei de Imprensa; 7) Regulamentação da Internet; 8) Por uma publicidade mais cidadã; 9) Rádio digital. Vale a pena ler antes de encarar os debates.
terça-feira, 20 de outubro de 2009
DESMORALIZAÇÃO DA POLÍTICA
sábado, 17 de outubro de 2009
Comunicação Pública sem truques
A propósito da Conferência Nacional de Comunicação, também acho que é fundamental compreender a comunicação social no Acre muito além da idéia que aqui se tem dela como instrumento de propaganda governamental. Nesse sentido, não quero ficar analisando, neste momento, o que acontece fora daqui e fora dela (estaria alguma coisa mesmo fora?), muito menos entreter-me em discussão teórica sobre o nome, papel e “fenomenologia” das novas tecnologias no campo da comunicação. Não quero o desvio.
O que desejo é o enfrentamento direto das questões que envolvem as políticas governamentais de comunicação daqui. Interessa-me questionar a comunicação relacionada à cidadania local. Prefiro o que está ao meu alcance como, inclusive, cidadão consumidor da gestão dos meios de comunicação públicos no contexto republicano.
E já faço isso aproveitando a visibilidade do debate, que o governo local, não por gosto, mas por desgosto, foi levado a “abrir”, empurrado pela avalanche política do movimento popular Pré-conferência Nacional de Comunicação - este que também empurrou o governo federal - e, com o mais legítimo interesse e a mais profunda franqueza, questionar se a política de comunicação pública, praticada pelo chamado Sistema Público Estadual de comunicação do Acre, continuará sendo tão-só instrumento de propaganda dos feitos e idéias governamentais.
Se ele continuará impedindo que a pluralidade e diversidade de idéias, manifestações e informações locais seja objeto de suas transmissões igualmente locais. Se ele continuará selecionando, sob critério da não-crítica, as caras e assuntos merecedores de difusão pública. Se ele continuará censurando o que não é espelho de dividendos eleitorais.
Se ele continuará forjando uma imagem unívoca daquilo que tem denominado de acreanidade. Se ele continuará sendo alheio à pluralidade e diversidade da produção artística e científica locais. Se ele continuará sendo antidemocrático, também no aspecto da participação social na formulação de sua política de difusão radiofônica e televisiva (alguém conhece o Decreto Estadual 2.097, de 11/05/00?). Se continuará dominando, com mão de ferro, a imprensa local com a sua política de “distribuição” de verbas de mídia de governo.
O que me interessa tem cheiro de terra, de tempo imediato, de realidade, de mudança. Não me interessa simulações e truques. Apesar de saber que continuaremos envoltos em truques e simulações, apesar de saber que a caravana da insatisfação social passará enquanto os cães da comunicação continuam ladrando e lambendo suas patas de cifras, votos e enganos, com ou sem “conferências-tur” rumo à capital federal.
* João Veras é advogado no Acre e professor de Introdução ao Direito nas faculdades de Comunicação
Governo do PT sufoca a mídia
Participei nesta sexta-feira, 16, de um debate sobre comunicação, na Bilbioteca Pública, transmitido ao vivo pela estatal TV Aldeia para todo o Acre.
O tema era "Meios para a Construção dos Direitos e Cidadania na Era Digital", tendo como horizonte as conferências Estadual e Nacional de Comunicação. Como o tempo era curto, aproveitei a oportunidade para quebrar o decoro:
- Estou feliz de estar aqui porque um debate sobre comunicação era tudo o que o governo do Acre menos queria. Está sendo forçado a fazê-lo visto que sofreu pressão do governo federal e da sociedade. A realização da Conferência Nacional de Comunicação fez parte dos programas de governo do presidente Lula, mas só está sendo realizada agora ao término de seu segundo mandato. O governo do Acre era um dos poucos que tentava evitar este debate.
- A sociedade acreana é testemunha de que o PT sempre se beneficiou politicamente de minha atividade profissional. Fui ingênuo demais ao acreditar que a chegada do partido ao poder no Acre fosse contribuir para o avanço da livre manifestação do pensamento nos meios de comunicação do Estado. Sinto-me ultrajado ao constatar que retrocedemos aos níveis do começo dos anos 1980, quando o país era governado pela ditadura militar e a Arena comandava a cena política no Acre.
- Se fosse adotado o mesmo tipo de controle que o governo do PT exerce hoje sobre quem e o que se pode ou não ser veiculado nos veículos de comunicação, nos anos 1980 não teriam surgido jornalistas como o secretário de Comunicação Aníbal Diniz, o assessor especial do governo Antonio Alves, além deste blogueiro, que podiam se manifestar com mais liberdade quando o Acre era comandando pela Arena e, posteriormente, PMDB.
- Nos primeiros dias de seu primeiro mandato, o governador Jorge Viana reuniu parte de sua equipe para dar o recado de como seria a relação com a mídia. Ouviu a todos, depois pegou um exemplar de A Gazeta que estava sobre a mesa dele e sentenciou: "Vocês acham que isso é imprensa? Não. Isso é política". E desde então verbas públicas têm sido usadas para forçar a imprensa a cultuar a imagem dele, do governo, do PT e de alguns outros poucos aliados seus.
- A comunicação do governo petista do Acre sempre teve ojeriza ao ambiente libertário que se formou com o advento da internet. Parte do princípio de que prevalecerá para a história aquilo que estiver impresso em papel, especialmente nas páginas do jornais. Daí porque tenta varrer de suas páginas qualquer opinião crítica ou questionadora. Com isso, espera-se que um dia, daqui a 500 anos ou mais, ao consultar as páginas amareladas de A Gazeta, Página 20, O Rio Branco ou A Tribuna, algum desavisado descubra que o Acre já foi governado pelos deuses Jorge Viana, Tião Viana, Binho Marques e cia.
- Jorge Viana era governador quando certa vez disse para que eu me preparasse para assumir a editoria do Página 20. OK, respondi. Dias depois foi "nomeado" o jornalista Leonildo Rosas para o cargo. O secretário de comunicação Aníbal Diniz se justificou: "Altino, em respeito a você, convenci o Jorge a não indicá-lo para a editoria. Após o fechamento do jornal você jamais iria aceitar, por exemplo, mudar a manchete por alguma razão política. Nós precisamos de pessoas que sejam capazes de encurtar o tempo e a distância entre o que queremos e o que precisa ser realmente feito".
- O governo jamais permite que a imprensa, que é financiada com verba pública, faça qualquer crítica de suas ações. Criou até um agência para unificar o noticiário. Entrevistas coletivas são organizadas selecionando-se a dedo profissionais que não estejam dispostos a fazer qualquer questionamento.
- Ao cercear a abordagem dos fatos mais relevantes do Acre, o governo petista contribui para a imbecilização da mída local, temperada pela futilidade de seus colunistas sociais e pela cobertura dos casos de polícia, onde as vítimas da violência crescente são expostas com mãos decepadas, cabeças esmagadas ou corpos fatiados por facões. A mídia muda o foco de suas lentes tentando chamar a atenção de público exausto com as caras e bocas dos políticos que todos os dias aparecem como deuses nos jornais, rádios e TVs.
- O sufocamento da imprensa pelo governo petista está sendo danoso para a sociedade acreana. Se o governo não mudar, a sociedade vai mudar o governo.
A semelhança do Acre com o Maranhão e Rondônia é mera coincidência. Um dia contarei detalhes mais sórdidos desta fase infeliz de nossa história.
(www.altino.blogspot.com)
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Segunda Mesa do Debate Público aborda avanços com a Confecom
Debate Público precede Conferência de Comunicação

quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Debate Público nesta sexta-feira precede Conferência Estadual de Comunicação no Acre
Este primeiro encontro acontece a partir das 9 horas na Filmoteca da Biblioteca Pública, em Rio Branco. Mas não será restrito à capital. O diferencial do Estado do Acre na Conferência, será a garantia de participação de moradores dos 22 municípios nas discussões, através do Sistema Público de Comunicação. A Tv Aldeia, as rádios Aldeia FM e Difusora Acreana, farão a transmissão ao vivo de todo o debate e também da conferência estadual, assim como a Agência de Notícias, que trará além das notícias e fotos, um vídeo ao vivo para quem quiser acompanhar via internet. "O Acre é o único estado do país que reúne essas condições adequadas para promover um debate como esse envolvendo todos os municípios. Isso graças a um investimento público importante do Governo do Estado no fortalecimento do Sistema Público de Comunicação, que democratiza a informação e a participação da população acreana em discussões importantes como essa", avalia Itaan.
Nos municípios foram firmadas parcerias com as Câmaras de Vereadores, onde haverá a transmissão do debate e das conferências e de onde os moradores poderão enviar sugestões, críticas e propostas via email ou telefone. "Foi uma maneira que o Governador Binho Marques encontrou de fazer com que as comunidades do interior possam participar, expor aquilo que pensam a respeito da comunicação, já que não haverá conferências municipais".
Para o debate, já foram escolhidos os debatedores. Entre os jornalistas, participam Antônio Alves, Altino Machado e Marcos Afonso. Haverá ainda um representante da Universidade Federal do Acre, que é o vice-reitor, Pascoal Muniz. E dois representantes de lideranças comunitárias: o presidente da União dos Moradores de Rio Branco (Umarb), Gilson Albuquerque, e um membro do Centro de Defesa dos Direitos Humanos e Educação Popular (CDDHEP) a ser confirmado.
Itaan Arruda ressalta que o debate terá como foco a comunicação, e não o jornalismo. "O jornalismo é um dos elementos de análise do debate, mas não é o foco. Nós vamos falar sobre comunicação como um elemento humano, como uma ferramenta que nós utilizamos para falar, criar valores, criar conceitos".
E dentro desse conceito de comunicação nos dias de hoje, surge um novo elemento: a era digital. É por isso que o tema da I Confecom é "Comunicação: meios para construção de direitos e de cidadania na era digital".
A Conferência Nacional de Comunicação será realizada de 14 a 17 de dezembro, uma data que foi remarcada pelo Governo Federal a pedido do Presidente Lula que fez questão de participar do encontro.
Para participar do Debate Público:
Quando: 16 de outubro, a partir das 9 horas
Local: Filmoteca da Biblioteca Pública do Acre
Via email: escreva para debate.com@ac.gov.br (durante o debate)
Por telefone: ligue para 3223-1702 ou 3222-6937 (durante o debate)
Participação popular é fundamental na formação de uma política nacional de comunicação

Por esse motivo, todos os Estados estão reunindo seus cidadãos em torno do tema “Comunicação: meios para a construção de direitos e de cidadania na era digital”. Esse tema se divide em três eixos temáticos, sendo eles Produção de conteúdo, Meios de distribuição e Cidadania: direitos e deveres. O coordenador comissão organizadora da conferência no Acre, Itaan Arruda, fala de forma detalhada sobre a importância da participação popular no debate.
Essa conferência tem como finalidade, em primeira lugar, a formação de uma política nacional de comunicação. E esse objetivo partiu do governo federal, que precisa, em um ambiente de extrema mudança, no que se refere à comunicação, compreender o que está acontecendo no mundo, em relação ao setor, para poder formular políticas e ações de governo na área. Então, para que a comunicação pública, ou a comunicação feita pela iniciativa privada tenha eficiência, regras claras e focos, nós precisamos compreender o que está acontecendo no mundo para então planejar e formular ações de governo.
A conferência tem ligação com a área do jornalismo?
Nós vamos tratar, como o tema propõe, da comunicação como meio para a construção de direitos e cidadania na era digital e não exclusivamente de jornalismo. O jornalismo será objeto de análise e de discussão, mas, ele não é o foco principal, assim como a comunicação feita pelo poder público local também não é o foco das discussões. O que está em discussão é a comunicação de uma forma mais ampla, seja ela feita pela iniciativa privada, pelo poder público, entre as pessoas, pela internet ou por novas mídias. O que está em jogo é: como o surgimento de novas mídias podem contribuir para o fortalecimento dos direitos e promoção da cidadania.
Então, seria essa uma forma de maior compreensão da comunicação no Brasil?
Se a juventude está, via internet, criando coisas e exigindo dos meios tradicionais de comunicação uma nova postura, nós então temos que compreender para melhorar aquilo que nós estamos oferecendo. É importante que tenhamos a compreensão de que o tema proposto pela comissão nacional da conferência é muito mais abrangente do que simplesmente ficarmos focados no jornalismo.
Como será a participação do Acre na Conferência Nacional?
Nós temos que formular dez propostas para cada um dos eixos temáticos, somando um total de 30. O relatório final do Acre precisa demonstrar para o governo federal o que que o Estado pensa sobre comunicação seguindo esses três eixos: Produção de conteúdo, Meios de distribuição e Cidadania: direitos e deveres. O documento acreano tem que expressar essa vontade popular e isso vai ser feito na conferência nacional que acontece de 14 a 17 de dezembro em Brasília. No nosso encontro local (30 e 31 de outubro) vamos eleger os delegados que irão à Brasília apresentar essas propostas.
Como as pessoas podem participar do debate?
Nós pensamos as mais diversas formas de as pessoas participarem desse debate. Primeiro, decidimos que haverá um debate transmitido ao vivo pela Rede Pública de Comunicação (TV Aldeia, Rádio Aldeia FM e Rádio Difusora Acreana), no dia 16, das 9h ao meio dia. A transmissão acontece ao vivo a partir da filmoteca da Biblioteca Pública para todos os municípios acreanos. Nela o cidadão vai poder participar por telefone, acompanhar via internet, mandar email, fazer suas críticas e sugestões. Nós estamos utilizando as mais diversas formas para que as pessoas possam se aproximar dessa discussão. Claro que não se trata de um trabalho simples, é complexo.
Esclareça melhor sobre essa questão...
Nós somos os únicos animais que consegue estabelecer valores por meio da comunicação. De outra forma não teríamos como fazer isso. Nesse aspecto, esse tipo de discussão é tão importante para o Phd em filosofia quanto para a dona de casa. Ela também precisa se identificar com esse tipo de debate porque necessita dessa ferramenta para melhorar o seu dia-a-dia. Uma dona de casa que não consegue estabelecer uma comunicação mínima no meio familiar terá problemas. O Phd, por mais brilhante que seja, que não consegue estabelecer uma comunicação eficiente com seus alunos, também vai ter problemas.
Qualquer pessoa pode pedir para ser ouvidas na conferência?
Qualquer pessoa pode pedir para ser ouvida e será ouvida. Também pode participar por meio do debate público do dia 16 pelos telefones 3223-1702, 3223-6937 ou enviar mensagens para o email debate.com@ac.gov.br.Este endereço de e-mail está protegido contra spam bots, pelo que o Javascript terá de estar activado para poder visualizar o endereço de email Em resumo, a população vai ter as mais diversas ferramentas de comunicação para participar. Uma das características que essa conferência terá é a da transparência e da democracia. Nesse caso, o governador Binho Marques, tão logo soube da necessidade de realizarmos a conferência, se prontificou a realizá-la. Nem todos os Estados do país irão fazer isso, a exemplo do Amazonas, Rondônia e Santa Catarina, que é o próprio governo federal que vai realizar.
Como profissional da comunicação, o que o senhor espera do debate?
O meu desejo é que essa discussão sobre a comunicação não pare. Nós criamos um blog (confecom-acre.blogspot.com.) para para que esse debate se efetive. Por meio desse endereço nós vamos tentar alimentar a discussão de forma ininterrupta. É preciso que estudantes de comunicação, cientistas sociais, sociólogos e antropólogos possam contribuir com o debate de forma incessante. Não podemos nos mobilizar apenas para uma conferência, uma vez que a comunicação é algo que está sendo revisto dia-a-dia e precisa ser pensada no dia-a-dia.
Esse debate pode levar a uma nova visão da comunicação?
A reflexão sobre o assunto deve ser incessante. A conferência nos dá novo varadouro e precisamos agora cuidar desse caminho. Acho que, se o tema for bem compreendido, e se nós pudermos nos mobilizar em torno dele, ele não vai parar. Se a conferência fizer isso, então conseguirá realmente efetivar um bom serviço público. Não podemos nos dar ao luxo de perder essa oportunidade.
(Val Sales, Página 20)
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Comissões organizadoras devem garantir a participação de todos os setores envolvidos na Confecom
Composta por representantes do Estado, empresários e movimentos sociais, a CON, instituída pela Portaria nº 185/2009, publicada no dia 20 de abril pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, é a instância de deliberação, organização e implementação da Confecom. Coube a ela elaborar o Regimento Interno, os eixos temáticos e a metodologia do encontro. A CON tem agora a missão de construir o documento referência e acompanhar as etapas municipais, estaduais, livres e virtuais. Dos 26 estados, mais o Distrito Federal, somente o Tocantins ainda não convocou a etapa estadual.
"Nós sempre achamos que uma conferência, com recursos públicos e mobilizando o país, não tinha sentido se não confrontasse os diversos interesses existentes no setor. Por isso a importância de uma comissão organizadora que tivesse esses interesses representados", afirma Celso Schröder, Coordenador-geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e representante da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) na Comissão Organizadora Nacional. "Foi essa comissão quem estruturou a Conferência, enfrentou tentativas de esvaziamento e impasses. Conseguiu construir consensos nas negociações onde foi possível, tendo sempre como objetivo a realização da Conferência", expõe o jornalista.
O exercício do diálogo entre setores com visões antagônicas, especialmente no caso dos empresários e dos movimentos sociais, não foi fácil. As divergências entre os segmentos provocaram a demora do regimento e atrasaram a realização das etapas municipais e estaduais. "Muitos impasses se deram nas reuniões da CON, alguns bem acalorados, mas a Comissão sempre se pautou pela importância de realizar pela primeira vez um encontro nacional sobre a comunicação", assinala Rosane Bertotti, representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) na Comissão Organizadora. A Conferência "é fruto de uma grande mobilização do FNDC e de outras entidades que se movimentaram para a sua convocação", ressalta a sindicalista.
Hoje, afirma José Luiz Sóter representante da Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço) na Comissão Organizadora, "a democratização virou o prato do dia. Temos um debate nacional, que envolve não só os segmentos da comunicação, mas também outros signatários do setor". Exemplo da sua relevância, expõe o dirigente, é a alteração da data da etapa nacional feita a pedido do Presidente Lula, que faz questão de participar da abertura do evento (veja aqui).
Schröder destaca a atuação da Comissão Nacional Pró-Conferência (CNPC), como fundamental para a realização da Confecom. "Foi ela que mobilizou a sociedade e é de lá que boa parte da comissão organizadora surge". Ele ressalva, entretanto, que o papel e as posições da CNPC não podem ser confundidos com as atribuições das comissões organizadoras, nos âmbitos nacional e regional. "O sucesso da Confecom dependerá da realização, nas várias regiões, de conferências que expressem o espírito predominante na Comissão Organizadora Nacional, que é o de convívio e disputa democrática entre os interesses expressos pelo Executivo, movimentos sociais e empresários", observa.
Apesar das dificuldades, os representantes garantem que o diálogo entre os três segmentos foi essencial para a realização da Confecom. Como destaca Rosane Bertotti, "essa conferência é símbolo da importância de estabelecer o diálogo social, mesmo com pensamentos diferentes". Para a sindicalista, resta o desafio de realizar um bom debate nas etapas estaduais, articular boas propostas e negociá-las para que se tornem políticas públicas.
(Redação Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação)
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Confecom adiada: abertura será no dia 14 de dezembro e contará com a presença do presidente Lula
O motivo da mudança na data foi a agenda presidencial. O presidente Lula estará em viagem internacional na data anterior (1° a 03 de dezembro), que havia sido convocada por ele mesmo, através de decreto presidencial publicado no dia 16 de abril de 2009.
De acordo com o Ministério das Comunicações, o novo decreto de convocação será publicado no Diário Oficial na próxima semana. A abertura da conferência será no dia dia 14 de dezembro e as plenárias ocorrerão entre os dias 15 e 17.
Confira outras matérias sobre o assunto:
Governo adia Conferência Nacional de Comunicação
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Conferência Estadual de Comunicação tem comissão organizadora

Acre convoca Conferência Estadual de Comunicação
A etapa do Acre oficializa 20 conferências estudais mais a distrital convocadas. As etapas estaduais e distrital são preparatórias para a I Conferência Nacional de Comunicação que ocorre entre os dias 1, 2 e 3 de dezembro em Brasília. O debate público no estado do Acre está marcado para o dia 16 de outubro através da Rede Pública de Comunicação para todos os municípios, este servirá como etapa preparatória para a conferência estadual que está marcada para os dias 30 e 31 do mesmo mês.